Criança interior, traumas, filtros, e futuro. Isolamento, comunidade, superficialidades e capitalismo. Plantas, sacrifícios, karma e amor. Sinais, respirar, arrumar e silêncio… Tem sido uma misturada de coisas na minha mente ultimamente, mas vamos lá montar alguma linha de raciocínio nas reflexões de hoje…
Se tivesses que responder, dirias que as pessoas, no geral, são boas ou más? E dirias que existe a mesma quantidade de bondade e maldade?

Tenho-me debatido com o conceito de equilíbrio… e procurado por ele, pondo tudo em perspectiva e deambulando a pé, em conversas e observações, partilhas humanas, e entre os meus neurónios e aquilo que sinto. Dou por mim cansada de muita coisa, na verdade… e desse cansaço vem uma apatia que tem vindo a revelar-se útil para me fazer mais humilde e simplesmente ouvir e observar, bem como a analisar e repensar tudo o que surge. Não fossem duas das cartas dos anjos que tirei recentemente numa sessão de terapia holística, a VOZ DO SILÊNCIO e a AUDIÇÃO. Também me saiu a LIMPEZA DE CORPO E ALMA e a SENSIBILIDADE, mas falamos sobre elas noutro dia.
Recentemente recebi o comentário: “Então? Como é que estás assim tão exaltada se és toda zen e paz e amor?”, enquanto desabafava sobre o quanto me apetecia “matar gente”… (calma, mantém-te comigo)… Ao qual respondi apenas que, sou do signo aquário com lua em peixes e ascendente em virgem, logo tenho vários lados. Mas depois fiquei a pensar nisso… e sim, sou zen, paz e amor, mas também me enervo e odeio toda a gente e me apetece mandar tudo para o sítio que todos os nortenhos sabem. E diria ainda, que tenho um lado neutro em que considero que tudo é válido, cuja verbalização desse mesmo lado foi alvo de um comentário sobre relativização pessoal no instagram, enquanto tentava acalmar os ânimos da comunidade vegana num video de alguém a criticar alguém sobre factos nutricionais, em que a secção livre para escrita se revelou um autêntico campo de batalha.
Eu vejo e sinto profundamente tanta bondade e beleza em todo o lado que me derretem completamente. No sorriso de quem passa, na festinha ou abraço que vem sem contar, nos elogios que recebo e faço, no amor que às vezes até se cheira… e por outro lado, vejo tanta maldade, morte, tortura, destruição, arrogância e desprezo e falta de educação, que me fazem ferver o sangue. Como é possível gerir tanta polaridade e contradição? Será contradição mesmo ou complementaridade? Eu própria sou uma mistura dessas coisas, ainda que não tão intensamente.
Costumo até brincar e dizer que tenho um alter ego completamente diferente da Ana que sou. Chamo-lhe Gina. Mas no outro dia, o meu amigo João disse: “A Gina e a Ana para mim são a mesma pessoa. Uma completa a outra.”

Bem, posto isto, estou exausta dos rótulos, gavetas e os dedos constantemente apontados de “ai que hipócrita, prega isto e faz aquilo” ou “no outro dia ela estava assim e ela é toda assado”… Penso, por exemplo, na página Hearth e na minha página pessoal… Soo falsa por ter ambas e me revelar de formas diferentes?
Porque não podemos simplesmente aceitar que temos vários lados, fases, momentos, papéis…? E que um não invalida o outro, e há espaço para tudo? Eu entendo que algumas coisas são difíceis de aceitar e tolerar mas cheguei à conclusão que é apenas uma questão de escolher as batalhas, ouvir mais (de ouvido limpo) e coexistir com o que é diferente ou oposto. E isso exige tanto de inteligência emocional como de maturidade e humildade. Não me interpretes mal, sou a favor de uma boa revolução e defender o que achamos estar certo maaaaaas… talvez com algum peso, medida e tom?
Há tanto a acontecer e, não sei se é da minha sensibilidade ou brain fog pela alguma falta de ferro e excesso de energias humanas, mas fica tudo muito confuso em mim e a mente com uma baralhação de coisas para lidar, como se já não bastasse o quanto o meu coração trabalha.
Deves sentir, de vez em quando, que precisas de uma pausa mas, bolas, quando já não aguentas muito tempo entre pausas, talvez algo mais profundo precise de mudar. É demasiada informação em todo o lado e chego ao ponto de duvidar de tudo, procurar demasiado e ser de menos. E não é por falta de crenças, educação machista e patriarcado, e sociedade consumista a dizer-me o que fazer, o que ser, o que vestir, o que comer ou como respirar… Mas cada vez mais tenho tendência a pensar que tenho de ser mais autêntica e criar, e menos me sinto capaz. Além de que, cada vez mais medo tenho de escrever, ser, partilhar e mostrar, porque não vão estar mil olhos em mim à espera de que eu erre, à espera de criticar ou boicotar ou, na verdade, copiar seja o que for. E eu própria tenho medo de fazer ou ser algo que já existe. E isso não faz sentido absolutamente nenhum. O que aconteceu com o “aprender uns com os outros, celebrar, passar a mensagem e ser leve na vida”? É tudo tão intenso e sério, e eu às vezes só queria fazer algum dinheiro, trocar uns legumes com a comunidade, abraçar, dar um mergulho, cozinhar uma lasanha e dançar na esquina mais próxima sem vergonha… E de vez em quando zangar-me, porque, gente, não existe Luz sem Sombra. Céu sem Inferno. Vida sem Morte…
Sobre as polaridades, chego à conclusão que sim, há lugar para tudo. À minha volta e em mim… mas apenas não tudo ao mesmo tempo. Manter a “casa” limpa, dando espaço ao que vem sem prender, para poder ir. Aprende, mantém te abert@, deixa vir mas deixa ir. Vai, experimenta e faz mas não te prendas nem te estanques. Coloca os filtros da tua essência áquilo que vives e absorve o que faz sentido. Tira um bocadinho daqui e um bocadinho dali e vai construindo o teu caminho. Influencers… coisa de agora? Não. Tudo são influências, e as pessoas e coisas são professores e mestres que nos aparecem. Nós próprios somos isso para os outros e para o mundo. Daí, a meu ver, ser importante partilhares-te mas não pregares, ditares ou ensinares os outros a serem estanques também. Devido ao tanto que nos é impingido e forçado aos olhos e ouvidos, estamos condicionados, sem querer, e somos formatados, sem notar. Neste caso, os limites são expansão. Pelo que, talvez seja melhor, depois de limpares a casa, escolheres o que realmente tens acesso e influenciar o teu ser de forma positiva e de encontro à tua essência. Flui com a tua luz e sombra, e ensina a fluir. Sê uma misturada de coisas e nada. Só não magoes. E entretanto lembrei-me da teoria do carro vermelho, que é basicamente como funciona o algoritmo do instagram ou as notícias do google… O que te aparece foi filtrado para aquilo que queres ver. Se não gostas ou nem estás atent@ aos carros vermelhos, não os vais “ver”. Mas se começas a pesquisa-los ou atenta a eles, só verás carros vermelhos.



E quanto aos desafios e confusões:
1) não leves a peito
2) mantém a “casa” arrumada e limpa de maneira a poderes ver o resto de forma clara
3) escolhe as tuas batalhas, e como diz Mel Robbins1, “deixa estar” o que é para os outros, e “deixa-te” o que é para ti. (isto a mim ajuda-me imenso!)
4) o universo deu-te essa tarefa porque sabe que consegues cumpri-la ou que vais aprender com ela.
- do livro Deixa Estar ↩︎
E por fim, deixo esta reflexão que encontrei, que me deu algum descanso e a sensação de não estar sozinha, mesmo tendo noção que provavelmente só o meu namorado lê o meu blog eheh








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Até breve
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